quarta-feira, 4 de março de 2009

Em defesa do PMDB



Michel Temer - Presidente da Câmara dos Deputados e presidente nacional do PMDB

Não é de hoje que o PMDB é alvo de acusações. São alegações do tipo: o PMDB é corrupto; o PMDB só quer cargos; o PMDB não tem rumo e nem programa; o PMDB não se organiza para disputar a Presidência da República. Leio todas com a tranquilidade de quem sabe que tudo isso faz parte da luta política. Até interna. Fosse um partido inexpressivo, as acusações cairiam no vazio. O fato é que, por se tratar da sigla mais forte e capilar do país, não pode permanecer em silêncio. Mais do que respostar, convém esclarecer algumas questões.


O primeiro equívoco está no fato de se apregoar que a instituição PMDB é corrupta. Quem é corrupto? A instituição? Seus membros? Todos? Alguns? Vamos desmistificar essas afirmações. Serão corruptos os seus ministros de Estado indicados pelo PMDB para ajudar a governar? Serão corruptos todos os nossos oito governadores? E os nossos 1.201 prefeitos e 8.497 vereadores, eleitos em 2008 em todo o país, escolhidos democraticamente pelo povo? E os 96 deputados federais e 20 senadores? E as centenas de deputados estaduais? Serão todos corruptos? Que generalização é essa? Outra pergunta que não quer calar: só agora alguns detectaram que o PMDB ou seus integrantes são corruptos? O PMDB, que já chegou a governar 22 estados federados? E que continuou a eleger governadores e prefeitos? Qual a explicação para o silêncio durante anos? Jamais houve corrupção no partido? Nem em outros partidos? Só agora? E no PMDB? Serão corruptos todos esses grupamentos? Do passado e do presente?


Essas perguntas é que levaram ao laconismo da primeira nota da Executiva Nacional do PMDB. O trato responsável da questão impõe que se indiquem os corruptos. Estão aí os conselhos de ética, a Polícia Federal, o Ministério Público e o Judiciário para investigar, apurar e, se for o caso, apenar. É assim que se dá conteúdo concreto a afirmações políticas.


Quanto aos cargos, lembremos que fizemos uma coalizão programática com o governo. O presidente Lula ofereceu sete pontos de compromisso com o nosso partido, levados e aprovados pelo Conselho Político do Partido, com um único voto divergente entre 63 integrantes. Aprovado o programa, fechamos a aliança com nomes para compor o governo e ajudá-lo a cumprir as metas estabelecidas.


Sobre a acusação de que o PMDB não tem programa e rumo, trata-se de mais uma falsidade. Nosso programa foi elaborado por cientistas renomados como José Marcio Camargo, Marcos Lisboa, André Uraní e Ricardo Henriques, sob a coordenação da Fundação Ulisses Guimarães (FUG). Alguns desses formuladores foram chamados pelo Executivo Federal e lá aplicam as teses do programa que elaboraram para o PMDB. Como não tem rumo? Vale lembrar que a mesma fundação, trazendo uma experiência exitosa do Rio Grande do Sul, transferiu para a área nacional o curso de formação política para candidatos municipais. Foram 60.520 inscritos em todo o país. Portanto, o partido tem rumo. Graças a isso, o PMDB acrescentou, nas eleições municipais, quase 5 milhões de votos aos 14 milhões obtidos em 2004. Assim, o PMDB aumentou o número de prefeitos de 1.057, em 2004, para 1.201, em 2008, e de 8.283 vereadores para 8.497, permitindo a eleição dos nossos candidatos em municípios das capitais e em grandes cidades.


Quanto à candidatura própria à Presidência da República, todos sabem os esforços realizados para termos um candidato há três anos. Na época, prévias mobilizaram a opinião de 16 mil autoridades peemedebistas do país. A verticalização — que inviabilizava alianças do Partido nos Estados — impediu o lançamento de um nome do partido. Hoje, uma hipótese é construirmos o nosso candidato, nada impedindo que se possa fazer uma aliança com a participação efetiva do PMDB na chapa. Afinal, o PMDB tem as maiores bancadas na Câmara e no Senado. Essa equação positiva é fruto da unidade interna. Peemedebista que não concordar com esses posicionamentos pode se oferecer como candidato ou se habilitar à direção partidária. Deixemos de lado abstrações. O momento exige concreções e fatos palpáveis.

CORREIO BRASILIENSE - 03 de Março de 2009 ( terça-feira)

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